Quando "mo-çi-nha" - mais para menina do que para jovem senhora - eu tinha um diário.
Um não!
Eu tinha vários!
Na verdade... agendas.
Para cada ano, uma nova acompanhante.
Cada página era repleta de detalhes, desenhos, enigmas, poesias e tudo mais que povoa a mente de uma adolescente criativa e com tempo de sobra.
Aliás, "tempo" era algo que eu conseguia multiplicar.
Eu fazia tantas coisas em apenas 24 horas! Digo: em 14 horas. Afinal, 10 horas eram re-li-gi-o-sa-men-te dedicadas ao sono.
Um luxo nos dias de hoje!
Quando consigo dormir por mais de 6 horas já fico feliz da vida e minha cútis se renova! É a festa do colágeno noturno!
Voltando às agendas: eu lembro que eu tinha um pavor tétrico daquele elemento cair em mãos erradas.
E se alguém soubesse na íntegra o que eu fazia, o que pensava, quem eu era?
Balela!
Muitas vezes minha mãe fingia ter um dom de decifrar minha vida, perguntando coisas estranhas, situações inusitadas e sentimentos que eram só meus.
Qual a surpresa de anos depois, descobrir que ela não só compartilhava das minhas anotações como também fazia questão de ter esse trabalho diariamente!
Ufa!
Ainda bem que eu não fugia muito do padrão tido como "normal"... He - he.
Mas agora... aqui na net, abro meu coração novamente.
Sinto que cresci, pois agora não tenho medo do julgo que possa - e poderá - ser feito por tantos olhares diferentes.
Quem escreve, é a mesma Luciana.
Limpo o giz da mão, largo o lápis e pego o teclado.
Vou mostrar o que faço, o que penso e quem eu sou.
Claro que o tempo já não é o mesmo...
Tento aproveitar ao máximo as 18 horas que permaneço "on".
E como todo ser humano, acabo comentendo falhas.
Prometo levar este diário como um experimento novo no auge dos meus trinta e poucos...
Vou abrir as páginas para que muitos me conheçam realmente como sou.
E quanto ao tempo e ao colágeno... Vamos brindar, porque a vida é como um clicar do mouse!
